Hamilton triunfa na polémica de Jidá!
Lewis Hamilton sagrou-se vencedor do Grande Prémio da Arábia Saudita, prova marcada pelas peripécias, incidentes e polémica em redor da disputa protagonizada pelo piloto inglês e Max Verstappen. Os dois pilotos partem em igualdade pontual para a última prova, disputada no próximo fim de semana em Abu Dhabi. Valtteri Bottas completou o pódio em Jidá, após uma ultrapassagem a Esteban Ocon em cima da linha da meta, na derradeira volta.
Jidá foi o palco escolhido para o primeiro Grande Prémio da Arábia Saudita e ficará para sempre marcado pela polémica e extremos que se viveram, dentro e fora de pista. A prova saudita iniciou-se com relativa tranquilidade, sem que houvesse qualquer tipo de incidente na Curva 1. Hamilton liderava, com Bottas e Verstappen a rodarem relativamente perto, num ritmo incapaz de ser acompanhado pelos restantes pilotos. Tudo viria a mudar com o aparatoso acidente de Mick Schumacher, que obrigaria à entrada do Safety Car em pista.
Várias equipas aproveitaram a ocasião para rumar às boxes e efectuarem a sua troca de pneus. Hamilton foi primeiro, sendo seguido por Valtteri Bottas. O piloto finlandês protagonizou nesse momento uma manobra que “escapou” à análise dos comissários desportivos: com bandeiras amarelas a serem apresentadas em todo o traçado, Bottas reduziu substancialmente o ritmo, criando um fosso acentuado entre Hamilton e Verstappen. Dado que Verstappen não poderia ultrapassar Bottas, Hamilton poderia, teoricamente, beneficiar dessa vantagem para completar a paragem sem perder a liderança.
No entanto, a Red Bull optou por manter Verstappen em pista, ganhando posições face a Bottas e Hamilton e arriscando numa hipotética bandeira vermelha. Essa aposta acabaria por dar frutos, dado que Michael Masi parou a prova pouco tempo depois: a correcta recolocação das barreiras Safer assim obrigava, de modo a não causarem danos num potencial acidente. Esta paragem da prova permitiu também a troca de pneus dos pilotos que não haviam rumado às boxes.
No recomeço da prova, Hamilton suplantou Verstappen, mas o piloto holandês acabaria por travar no último instante, seguindo pela escapatória e mantendo a liderança. Hamilton foi forçado a abrandar, sendo ultrapassado pelo Alpine de Esteban Ocon. No entanto, dois incidentes acabariam por ditar nova paragem da prova: Sérgio Pérez e Charles Leclerc tocaram-se e, como consequência, George Russell reduziu a velocidade, tendo Nikita Mazepin embatido violentamente na traseira do Williams.
Nos preparativos para o segundo recomeço de prova, uma animada (e polémica?) negociação entre a FIA, a Red Bull e a Mercedes foi sendo transmitida em directo para os espectadores. Nessa mesma negociação, foi sugerido que Verstappen transitasse para a terceira posição, atrás de Ocon e Hamilton, devido ao incidente protagonizado na Curva 1. Caso esse pedido não fosse aceite pela Red Bull, a situação seria analisada pelo Colégio de Comissários Desportivos. O pedido acabaria por ser acedido pelas hostes de Christian Horner.
No recomeço da prova, Verstappen completou uma ultrapassagem corajosa após um arranque fulgurante, suplantando Ocon e Hamilton na Curva 1. O piloto inglês não evitou um toque no Alpine, descendo para a terceira posição. No entanto, Hamilton acabaria por ultrapassar Ocon, encetando uma perseguição ao piloto da Red Bull. À 23ª volta, nova intervenção da Direcção de Prova, com a entrada em cena do Safety Car Virtual que perdurou até à 26ª volta: se Yuki Tsunoda e Sebastian Vettel desentenderam-se na Curva 2, Kimi Raikkonen também não evitou um toque no Aston Martin do piloto alemão.
Verstappen mantinha-se na liderança, com pneus médios e Hamilton aproximava-se, com pneus duros. À 37ª volta, Hamilton atacou na Curva 1 e Verstappen deixou, novamente, a travagem para o último instante. A traseira do Red Bull perdeu aderência e o piloto holandês viu-se forçado a rumar à escapatória, levando consigo o Mercedes de Hamilton. No seguimento desta situação, a FIA comunicou à Red Bull que a 1ª posição deveria ser cedida a Hamilton, comunicação que foi prontamente enviada a Verstappen. Na volta seguinte, o piloto holandês levantou o pé na recta oposta, manobra que não foi entendida em tempo útil por Hamilton (que não havia recebido a comunicação por parte da FIA), resultando no embate do Mercedes na traseira do Red Bull.
Mesmo com a asa dianteira danificada, Lewis Hamilton permaneceu em prova e à 41ª volta, Verstappen cedeu a posição ao seu rival. Na curva seguinte, Verstappen voltou a ultrapassar Hamilton, aproveitando a zona de detecção do DRS para atacar a liderança. No entanto, a manobra não foi do agrado dos Comissários Desportivos, que ordenaram nova cedência de posição e atribuíram uma penalização de 5 segundos pela manobra protagonizada na 37ª volta.
Numa altura em que rodava com pneus médios com elevada degradação, para além dos danos causados pelo embate de Hamilton, Verstappen optou pela manutenção da 2ª posição. Quanto a Hamilton, para além da vitória em Jidá, o piloto inglês acumulou também a volta mais rápida, resultado esse que lhe permite chegar a Abu Dhabi em igualdade pontual com Max Verstappen. No entanto, o piloto holandês leva vantagem no critério de desempate, dado ter conquistado um maior número de vitórias. Após a prova, o Colégio de Comissários Desportivos penalizou Max Verstappen em 10 segundos, decisão essa que não altera a classificação final deste Grande Prémio. De recordar que só apenas numa ocasião a discussão do título foi disputada em igualdade pontual na última prova: na temporada de 1974, entre Clay Regazzoni e Emerson Fittipaldi.
O degrau mais baixo do pódio foi também alvo de uma acirrada disputa: nas derradeiras voltas do Grande Prémio da Arábia Saudita, Bottas encetou uma perseguição ao Alpine de Esteban Ocon. Tal viria a resultar numa ultrapassagem na linha da meta, na última volta da corrida, para infelicidade do piloto francês. Daniel Ricciardo foi o melhor entre os McLaren, recuperando de uma desapontante qualificação para bater o Alpha Tauri de Pierre Gasly. Charles Leclerc e Carlos Sainz também protagonizaram um animado duelo, com os pilotos da Ferrari a terminarem na 7ª e 8ª posição respectivamente. Os últimos lugares pontuáveis foram entregues a António Giovinazzi, em Alfa Romeo e a Lando Norris, em McLaren.