Sainz e Brabec vencem edição histórica do Dakar
17 Janeiro 2020 - José Soares da Costa

Pela primeira vez na história do Dakar, um piloto norte-americano triunfou na dura maratona do Todo-o-Terreno. Interrompendo o domínio da KTM nas motos desde 2001, Ricky Brabec conquistou a vitória para a Honda, um feito que teve o “cunho” lusitano: a gestão da equipa do construtor nipónico esteve a cargo de Rúben Faria e Hélder Rodrigues. Nos automóveis, Carlos Sainz levou o Mini Buggy da X-Raid ao triunfo, batendo Nasser Al-Attiyah e o seu companheiro de equipa, Stéphane Peterhansel, navegado pelo português Paulo Fiúza.

“El Matador” conquistou a sua terceira vitória no Dakar, após os triunfos conquistados em 2010 e 2018. Aos 57 anos, o piloto madrilenho (navegado por Lucas Cruz) esteve ao seu mais alto nível, liderando desde a 3ª etapa do Dakar, que se estreava este ano na Arábia Saudita. Apesar dos percalços, onde se destaca o tempo perdido ao longo da 8ª etapa, o piloto do Mini Buggy da X-Raid teve o seu momento chave na 10ª etapa (1ª parte da etapa maratona, interrompida ao KM 345), onde venceu e dilatou a sua vantagem relativamente a Nasser Al-Attiyah e Stéphane Peterhansel. Foi o ataque decisivo, que permitiu gerir a liderança durante as duas últimas etapas.

O vencedor de 2019, Nasser Al-Attiyah, terminou a dura prova na 2ª posição, a 6m21s de distância do piloto espanhol, enquanto Stéphane Peterhansel e o seu navegador, Paulo Fiúza, foram os 3º classificados, a 9m58s de Sainz. Melhorando o registo de Carlos Sousa na edição de 2003 (4ª posição), Paulo Fiúza torna-se no português com a melhor classificação de sempre entre os automóveis. O navegador português junta-se assim a um restrito lote de portugueses que alcançaram o pódio no Dakar, onde se inclui Hélder Rodrigues (3º classificado em 2013) e Paulo Gonçalves (2º classificado em 2015). Destaque ainda para a 4ª posição de Yazeed Al-Rajhi, a melhor classificação de sempre do piloto saudita e para a 13ª posição de Fernando Alonso, na sua estreia no Dakar.

Nas motos, Ricky Brabec quebrou o jejum de 31 anos da Honda. Vencedor de duas etapas desta edição, o piloto da HRC terminou a prova com 16m26s de vantagem sobre Pablo Quintanilla (Husqvarna). Toby Price, o melhor das KTM, foi o terceiro classificado a 24m6s de distância de Brabec. O piloto norte-americano junta-se assim a Ciryl Neveu (1982, 1986 e 1987), Edi Orioli (1988) e Gilles Lalay (1989), antigos vencedores do Dakar aos comandos de uma Honda. No entanto, a edição de 2020 ficou marcada pelo trágico desaparecimento de Paulo Gonçalves, na 7ª etapa e pelo grave acidente de Ewdin Straver na 11ª etapa, que se encontra em estado crítico no Hospital Saudi German, em Riade.

Nos camiões, triunfo para o Kamaz de Andrey Karginov, vencedor do Dakar em 2014. O piloto bateu o seu colega de equipa Anton Shibalov pela margem de 42m26s e Siarhei Viazovich, em MAZ, pela diferença de 2h4m42s. Nos quads, Ignacio Casale somou o seu 3º triunfo no Dakar após uma interessante disputa com Simon Vitse (2º classificado, a 18m24s) e Rafal Sonik (3º posição, a 1h4m15s). Por fim, Cassie Currey levou a melhor entre os SSV, onde venceu perante a oposição de Sergei Kariakin (2º classificado, a 39m12s) e Francisco Lopez Contardo (3º classificado, a 52m36s). Pedro Bianchi Prata, navegador de Conrad Rautenbach nos SSV, terminou na 4ª posição da categoria.