Leclerc vence no arranque da nova era da F1
21 Março 2022 - José Soares da Costa

A Fórmula 1 está de regresso, com um novo regulamento técnico que trouxe a maior revolução em décadas e novas caras no topo da tabela classificativa. Com um desempenho sem mácula, Charles Leclerc conquistou no traçado de Sakhir o seu 4º triunfo, confirmando o poderio da Ferrari no arranque desta nova era. Carlos Sainz “entregou” uma dobradinha para as cores de Maranello, enquanto Lewis Hamilton aproveitou os problemas alheios para ascender ao pódio.

Arrancando da pole position para Grande Prémio do Barein, Charles Leclerc manteve o comando apesar da constante pressão de Max Verstappen. Com o monolugar italiano a demonstrar um maior desempenho, a formação de Christian Horner apostava tudo nas paragens das boxes, numa tentativa de assegurar um potencial undercut. No entanto, os dois pilotos acabariam por sair equiparados após as duas paragens, protagonizando um emocionante duelo em pista com sucessivas trocas de liderança. Leclerc acabaria por superiorizar-se, dilatando progressivamente a sua vantagem relativamente a Verstappen.

À 43ª volta, a Red Bull arriscou numa terceira paragem, montando pneus macios com o objectivo de pressionar a Ferrari. Se Leclerc permaneceu em pista, Carlos Sainz (3º classificado) seguiu a estratégia adoptada pela Red Bull. A partir desse momento, deu-se o descalabro no seio das equipas com motores Honda: Pierre Gasly deu o mote, abandonando com um principio de incêndio na sua unidade de potência. O Safety Car foi chamado a intervir, momento em que a Ferrari chamou Leclerc às boxes para montar pneus macios. Enquanto isso, Verstappen queixava-se de problemas na direcção assistida do RB18, resultante dos danos provocados num dos tirantes da direcção durante a derradeira paragem nas boxes.

A corrida foi retomada a 7 voltas do fim, tendo Leclerc dilatado a vantagem logo após o recomeço. Verstappen mantinha-se em segundo, até que o motor Honda perdeu potência de modo repentino, tendo o piloto holandês levado o monolugar até à via das boxes para um inevitável abandono. Sainz ascendia então à 2ª posição, num fim de semana de sonho para a marca transalpina. Sérgio Pérez e Lewis Hamilton discutiam agora o derradeiro lugar do pódio, até que o piloto mexicano rodou na 1ª curva do traçado de Sakhir: a sua unidade de potência havia sofrido o mesmo problema que ditou o abandono de Verstappen, bloqueando as rodas traseiras do RB18.

Segundo fontes próximas da Red Bull, o problema técnico estará relacionado com a electrónica da bomba de combustível (uma peça normalizada, fornecida pela Magnetti Marelli), que terá sido danificada pela gasolina E10 utilizada no decorrer do Grande Prémio do Barein. De recordar que, durante os testes da pré-temporada, várias equipas já haviam sofrido problemas com este mesmo elemento, dado que a caixa em resina/plástico utilizada era susceptível a quebras devido às cargas aerodinâmicas geradas nestes novos monolugares.

Fruto deste abandono, Lewis Hamilton e a Mercedes ascenderam ao pódio, um resultado inesperado dada a evidente falta de desempenho do W13, demonstrado ao longo do fim de semana. Derivado da elevada oscilação vertical do monolugar, este problema permanece um mistério de difícil resolução. De acordo com as palavras de Toto Wolff, a solução implicará, inevitavelmente, a introdução de um novo pacote de melhoramentos, com a maior brevidade possível. Apesar disso, George Russell logrou terminar na 4ª posição, no seu regresso à Mercedes após o Grande Prémio do Barein de 2020.

Na 5ª posição terminou a surpresa da prova: Kevin Magnussen. O regressado piloto dinamarquês, resgatado pela Haas do IMSA após o despedimento de Nikita Mazepin, protagonizou uma excelente corrida, batendo o finlandês Valtteri Bottas num performante Alfa Romeo. Após um desapontante arranque onde desceu até ao 14º lugar, o antigo piloto da Mercedes foi galgando posição atrás de posição, até terminar na 6ª posição. O construtor de Arese saiu de Sakhir com motivos para sorrir, dado que o estreante Guanyu Zhou também terminou nos pontos (10ª posição) na sua estreia na Fórmula 1. Esteban Ocon e Fernando Alonso colocaram a Alpine na 7ª e 9ª posição, intercalados pelo único “sobrevivente” entre os motores Honda, o japonês Yuki Tsunoda.