Hamilton vence GP do Brasil atribulado
Num Grande Prémio do Brasil marcado pela constante presença da chuva, foi Lewis Hamilton quem saiu vencedor da pista de Interlagos. Com a 2ª posição no Brasil, Nico Rosberg adiou a decisão do título para o Grande Prémio de Abu Dhabi, disputado dentro de quinze dias. Max Verstappen encerrou o pódio e deu um recital de pilotagem que ficará na memória de todos os espectadores.
Com a chuva a marcar forte presença no Autódromo José Carlos Pace, todos os condimentos estavam reunidos para um Grande Prémio memorável. No entanto, ainda durante as voltas de acesso à pré-grelha, deu-se a primeira baixa da tarde: o piloto francês Romain Grosjean foi vítima de aquaplanning e perdeu o controlo do seu Haas, embatendo violentamente nos muros de protecção na “Subida dos Boxes”.
O arranque da prova foi adiado em dez minutos e decorreu atrás do Safety Car, devido à pouco visibilidade e precária aderência da pista brasileira. Lewis Hamilton, autor da pole position, controlou a partida (dada pela direcção de prova após 7 voltas atrás do Safety Car) e não deixou margem para potenciais ataques de Nico Rosberg. Enquanto isso, Max Verstappen ultrapassou um surpreendido Kimi Raikkonen e começou a pressionar o Mercedes de Rosberg.
Alguns pilotos, como Kevin Magnussen e Jenson Button, arriscaram nas suas estratégias, mudando para pneus intermédios. Sebastian Vettel também optou por este composto à 11ª volta, depois de um pião na saída da curva “Junção”. Pouco tempo depois, Marcus Ericsson sofreu um acidente nesse ponto da pista, embatendo a alta velocidade nos muros de protecção. Por pouco Max Verstappen não embateu no Sauber, imobilizado na entrada da via das boxes.
O Safety Car foi chamado a intervir, regressando às boxes após 6 voltas. Lewis Hamilton voltou a comandar os acontecimentos, mantendo-se na liderança sem qualquer oposição. Entretanto, Kimi Raikkonen sofreu um pavoroso acidente na recta da meta, após o seu Ferrari entrar em aquaplanning. O Ferrari ficou parado neste ponto da pista, no sentido oposto ao tráfego, tendo Esteban Ocon evitado por muito, muito pouco um embate frontal com o monolugar do piloto finlandês.
Charlie Whiting optou por mostrar a bandeira vermelha e interromper temporariamente a corrida, dada a pouca visibilidade evidenciada nesse momento. Após meia hora de paragem, o Grande Prémio foi retomado atrás do Safety Car, tendo o mesmo sido novamente interrompido através de bandeiras vermelhas após 8 voltas. Viveu-se uma nova paragem de 30 minutos até ao recomeço da prova, atrás do Safety Car, tendo este regressado às boxes após 3 voltas.
Lewis Hamilton retomou novamente a liderança da prova, com Nico Rosberg imediatamente atrás de si. Max Verstappen, 3º classificado nesse momento, deu início a uma exibição que perdurará na memória de todos por muitos anos. O piloto holandês ultrapassou Nico Rosberg na saída do S do Senna, por fora. Um enorme susto na “Subida dos Boxes”, onde perdeu a aderência e chegou a ficar com o monolugar num ângulo de 90º relativamente à pista, deu azo a uma brilhante recuperação do piloto holandês. Nenhuma posição foi perdida com esta manobra.
No entanto, uma aposta da Red Bull viria a ditar erradamente o desfecho da corrida de Max Verstappen. Numa tentativa de surpreender Hamilton e a Mercedes e apostando na melhoria da aderência do traçado de Interlagos, a equipa de Milton Keyes chamou Verstappen às boxes para montar pneus intermédios. Uma aposta falhada, visivelmente demonstrada pelo meio pião de Rosberg e pelo acidente de Felipe Massa na “Subida dos Boxes”.
O piloto brasileiro protagonizou o momento emotivo da tarde: no seu último Grande Prémio perante o seu público brasileiro, o simpático piloto da Williams percorreu a pé o percurso até à box da equipa de Grove, sempre acompanhado pela bandeira do Brasil e não contendo as lágrimas. Durante esse trajecto, Massa foi aplaudido de pé pelo público e pelos mecânicos da Mercedes, da Ferrari e da Williams. O consolo nos braços da sua mulher, do seu filho e do seu pai, deixaram todos sem palavras.
O Safety Car foi novamente chamado a intervir para que o Williams fosse retirado do acesso à via das boxes. Pouco tempo depois, a prova foi retomada e Lewis Hamilton manteve-se no controlo de todas as operações, liderando até ao final da prova e vencendo pela primeira vez no Brasil. Nico Rosberg cumpriu a sua tarefa, terminando na 2ª posição e adiando a decisão do título para Abu Dhabi, onde um terceiro lugar lhe basta para cumprir o seu sonho.
Atrás de Rosberg, o “Show Verstappen” prosseguia com novos desenvolvimentos. Após uma paragem para montagem de pneus de chuva, o piloto holandês encontrava-se na 16ª posição, vendo-se obrigado a recuperar diversas posições em pista durante a fase final do Grande Prémio do Brasil. Posição atrás de posição, o piloto da Red Bull subia na classificação, parecendo encontrar aderência onde os outros pilotos não conseguiam encontrar.
Na luta pela 4ª posição, Verstappen forçou a ultrapassagem a Sebastian Vettel na curva “Junção”. O piloto da Ferrari não teve outra opção senão desviar-se para a relva, perdendo terreno face ao piloto holandês. Pouco tempo depois, foi Sérgio Pérez quem se viu ultrapassado por Verstappen, no duelo pelo degrau mais baixo do pódio. Sem mais voltas para alcançar os Mercedes, Verstappen terminou a prova na 3ª posição e foi unanimemente considerado o “piloto do dia”.
Carlos Sainz Jr., autor de uma boa exibição ao volante do Toro Rosso, foi o 6º classificado, batendo o Force India de Nico Hulkenberg. Daniel Ricciardo terminou na 8ª posição, imediatamente à frente de Felipe Nasr, numa tarde onde o piloto brasileiro esteve em destaque ao colocar o Sauber num lugar que não seria normalmente alcançável. Sem cometer qualquer erro, o piloto brasileiro conquistou os primeiros pontos do ano da equipa suíça. O Mclaren Honda de Fernando Alonso encerrou o Top-10 em Interlagos.