Hamilton ao mais alto nível no Mónaco
29 Maio 2019 - José Soares da Costa

Numa semana marcada pelo desaparecimento de Niki Lauda, Lewis Hamilton superou-se e conquistou um improvável triunfo no Grande Prémio do Mónaco. Perante uma escolha errada de pneus para a derradeira fase da prova monegasca, o piloto britânico viu-se forçado a gerir o andamento do seu W10 sob a forte pressão de Max Verstappen e Sebastian Vettel. Com este desempenho exímio, as lideranças nos campeonatos de Pilotos e de Construtores saíram reforçadas.

Partindo da pole position, Lewis Hamilton efectuou um arranque exemplar e defendeu-se dos ataques dos seus mais adversários directos. Por sua vez, Valtteri Bottas viu-se ameaçado por Max Verstappen, mantendo no entanto a 2ª posição após os metros iniciais. No fundo do pelotão encontrava-se Charles Leclerc, cuja prestação viria a assumir um papel preponderante durante a tarde. Fruto de um erro da Ferrari, o piloto monegasco arrancou apenas da 15ª posição da grelha de partida. Com um inicio de prova agressivo, o jovem piloto ultrapassou Lando Norris e Romain Grosjean durante as voltas iniciais. Nico Hulkenberg era então o próximo alvo, em La Rascasse, mas o Ferrari acabaria por tocar nos rails e efectuar um pião durante a ultrapassagem. Um furo veio agravar ainda mais a situação, obrigando Leclerc a percorrer uma volta completa com o pneu em desintegração, destruindo também parte do fundo plano do Ferrari.

O Safety Car foi chamado a intervir para remoção dos destroços espalhados ao longo da pista, levando diversas equipas às boxes para trocas de pneus. Com a ameaça de chuva a pairar, a Mercedes optou por trocar os pneus macios de Hamilton e Bottas por pneus médios, uma opção que viria a revelar-se um erro. Enquanto isso, Max Verstappen e Sebastian Vettel optaram pelos pneus duros, dispensando qualquer troca adicional de pneus até ao final da prova. Na via das boxes, Verstappen e Bottas protagonizaram ainda um toque, tendo o piloto holandês logrado sair para a pista na 2ª posição. No entanto, o piloto da Red Bull acabaria por ser alvo de uma penalização de 5 segundos. O toque de Verstappen furou ainda um dos pneus do Mercedes de Bottas, obrigando-o a regressar às boxes para montar pneus duros.

Na frente da corrida, Hamilton encontrava-se agora com uma dura tarefa entre mãos: conservar os pneus médios para um total de 68 voltas. Max Verstappen perseguia o piloto da Mercedes, esperando pela oportunidade perfeita para consumar a ultrapassagem. Fruto da penalização de cinco segundos que lhe havia sido atribuído, o piloto da Red Bull necessitava de ascender à 1ª posição e construir uma vantagem que lhe permitisse superar essa diferença de tempo. As voltas sucediam-se e com pneus mais eficazes, Verstappen pressionava constantemente Hamilton, que sofria com a degradação dos pneus e consequente subviragem nas curvas mais lentas do traçado monegasco. Vettel rodava logo atrás, mas com problemas de sobreaquecimento no Ferrari, era apenas um espectador desta intensa luta.

Nas últimas voltas, Verstappen teve finalmente acesso à potência máxima do seu motor Honda, tendo a Mercedes respondido com a mesma opção para Hamilton. Na penúltima volta, o piloto da Red Bull atrasou ao máximo a sua travagem para a Chicane do Porto numa derradeira tentativa de ultrapassagem. O resultado foi apenas um toque no pneu traseiro esquerdo do Mercedes, do qual não resultou qualquer dano no Mercedes. Hamilton conseguia assim a sua 4ª vitória da temporada e, segundo nas palavras do piloto britânico, a mais dura vitória da sua carreira. Um triunfo dedicado a Niki Lauda, elemento sem o qual Hamilton não faria parte integrante da bem sucedida formação da Mercedes.

Com a penalização atribuída a Max Verstappen, Sebastian Vettel e Valtteri Bottas ascenderam à 2ª e 3ª posição respectivamente, enquanto Pierre Gasly terminou imediatamente atrás do seu colega da Red Bull, na 5ª posição. O piloto francês rubricou ainda a volta mais rápida da corrida. Carlos Sainz Jr. esteve em destaque com o McLaren, assegurando a 6ª posição e batendo os Toro Rosso de Daniil Kvyat e Alexander Albon. O Renault de Daniel Ricciardo terminou na 9ª posição, beneficiando da penalização atribuída a Romain Grosjean pela passagem da linha contínua na saída da via das boxes. Destaque ainda para uma perigosa situação vivida por Sérgio Pérez, ainda durante o período de Safety Car: o piloto mexicano evitou “in extremis” o atropelamento de dois comissários à saída das boxes, que regressavam ao seu posto após a limpeza dos detritos existentes na pista.