Da desilusão ao sucesso: António Félix da Costa
17 Agosto 2020 - José Soares da Costa

Em Berlim, António Félix da Costa conquistou o feito mais importante do automobilismo nacional: alcançar o título mundial absoluto de uma das mais recentes e importantes competições organizadas pela Federação Internacional do Automóvel. No entanto, o caminho até ao sucesso foi tortuoso, por vezes cruel, realçando ainda mais o seu valor nas horas mais difíceis.

No percurso até ao seu sonho, a Fórmula 1, António Félix da Costa conquistou o seu 1º título nos monolugares em 2009, no campeonato NEC Fórmula Renault 2.0 com a Motopark Academy. O salto seguinte deu-se para a Euroseries Fórmula 3, onde destacou-se como o melhor rookie em 2010, alcançou 3 vitórias e ainda disputou duas provas na GP3 Series com a Carlin Motorsport. As boas impressões deixadas em pista resultaram num convite para testar um Fórmula 1 em Abu Dhabi com a Force India, onde rubricou o 3º melhor tempo.

Nas temporadas seguintes, “Formiga” repartiu atenções entre a GP3 Series e a WSR Fórmula Renault 3.5, tendo também assinado pelo Red Bull Junior Team. Lutando pelo título na GP3 até ao final da temporada de 2012 e somando triunfos na WSR, Félix da Costa foi premiado com um teste num Red Bull RB7 no final desse ano, onde foi o 2º piloto mais rápido. O ponto alto deu-se com o triunfo no Grande Prémio de Macau de F3, uma das provas clássicas do calendário internacional, perante os maiores talentos mundiais da F3. O piloto português viria a repetir este triunfo em Macau durante a temporada de 2016.

Em 2013, Félix da Costa manteve-se na WSR Fórmula 3.5, onde lutou pelo título até à última jornada. No entanto, o 3º lugar e a aposta da Red Bull em Daniil Kvyat fizeram com que o piloto português perdesse a vaga existente na Toro Rosso. A Fórmula 1, o sonho de criança que havia guiado uma vida, estava agora longe…demasiado longe.

2014 marcou o ponto de viragem na carreira de António Félix da Costa. Era o momento para mudar o seu foco, readaptar a sua carreira e partir rumo a um novo destino. Ainda com o apoio da Red Bull, “Formiga” competiu no DTM com a BMW MTEK, ao lado de Timo Glock. Em 2015 transitou para a Schnitzer, onde conquistou um triunfo. A Endurance foi outra aposta do piloto português, tendo competido no Campeonato do Mundo de Endurance com a BMW MTEK na temporada 2018-2019, ao volante do BMW M8 GTE. Em 2019-2020 transitou para a categoria LMP2, pilotando um Oreca 07 da Jota Sport com o qual conquistou o triunfo na classe nas 6 Horas de Xangai.

No entanto, as atenções estavam centradas na Fórmula E. Participando pela 1ª vez na temporada 2014-2015 com o Team Aguri, Félix da Costa conquistou o seu 1º triunfo em Buenos Aires. Com a transição para a Andretti Autosport na temporada 2016-2017, Félix da Costa regressaria ao seio da BMW em 2017-2018, temporada inaugural do construtor germânico na Fórmula E. Os resultados eram agora visíveis: uma pole position e o regresso aos triunfos no Ad Diriyah ePrix. Os seus bons registos, para além da sua calma perante as adversidades e a má sorte, resultaram num contrato com a equipa campeã em título, a DS Techeetah, onde faria dupla com o campeão Jean-Eric Vergne para a temporada de 2019-2020. Se o 1º pódio surgiu em Santiago, o seu triunfo inaugural deu-se em Marraquexe, por uma margem avassaladora de 11.427 segundos. Com a paragem fruto da pandemia de COVID-19, o regresso da Fórmula E às pistas trouxe consigo a rota do título mundial: duas vitórias e um pódio em Berlim foram suficientes para assegurar os títulos de Piloto e Construtores da Fórmula E.

Com esta conquista, o piloto português ambiciona agora a conquista do bi-campeonato, para além da entrada de Portugal na rota da Fórmula E!