Golpe de teatro entrega título a Verstappen!
O Grande Prémio de Abu Dhabi de 2021 ficará marcado nos livros de História como uma das mais emocionantes provas de sempre do Mundial de Fórmula 1. Um resultado decidido somente na última volta, após uma controversa decisão por parte da Direcção de Prova nos instantes finais desta temporada. O neerlandês Max Verstappen suplantou Lewis Hamilton nos derradeiros metros, destronando o piloto britânico e assegurando o seu primeiro título mundial de Fórmula 1.
Max Verstappen partiu para o Grande Prémio de Abu Dhabi na pole position, após um registo impressionante (1m22.109s) que surpreendeu tudo e todos, inclusive Lewis Hamilton. Com o piloto britânico a seu lado, Verstappen acabaria por perder a liderança logo após o arranque do Grande Prémio. No entanto, o 1º caso da prova surgiria ainda durante a 1ª volta: o piloto da Red Bull Racing efectuou um ataque corajoso, consumando a ultrapassagem a Hamilton na curva 6 do traçado de Yas Marina. Sem espaço, o piloto britânico viu-se obrigado a atravessar a escapatória, retomando a 1ª posição. Um caso que, apesar dos protestos da Red Bull e Verstappen, foi alvo de escrutínio da Direcção de Prova e não ditou qualquer penalização.
Na liderança, Hamilton foi aumentando paulatinamente o ritmo à medida que as voltas iam sendo cumpridas. Verstappen, mesmo equipado com pneus macios no seu Red Bull RB16B (em contraponto com os pneus médios de Hamilton), era incapaz de se aproximar do endiabrado piloto britânico. À 14ª volta, a Red Bull optou por efectuar a sua paragem para pneus duros, mantendo no entanto Sérgio Pérez em pista. O piloto mexicano foi decisivo na estratégia da equipa de Christian Horner, tendo atrasado substancialmente Lewis Hamilton após a sua paragem para troca para pneus duros à 15ª volta.
Mesmo com pouco mais de 1 segundo de diferença, Hamilton ultrapassou Pérez, assumiu a 1ª posição e distanciou-se novamente de Verstappen. Enquanto isso, o piloto mexicano da Red Bull rumou às boxes para efectuar a sua troca de pneus. Tudo viria a precipitar-se com o surgimento do Safety Car Virtual à 36ª volta, devido aos problemas hidráulicos no Alfa Romeo de António Giovinazzi. Enquanto a Mercedes optou por manter Hamilton em pista, a Red Bull chamou os seus dois pilotos às boxes para montarem um novo jogo de pneus duros, tentando beneficiar de borrachas mais frescas para aproximarem-se de Lewis Hamilton.
Apesar do melhor ritmo apresentado por Verstappen a partir desse momento, o mesmo era insuficiente para recolocar o piloto neerlandês na rota do título, no conjunto de voltas que restava cumprir. Mas um golpe de teatro a 4 voltas do fim viria a ditar um desfecho dramático: Nicholas Latifi não evitou um acidente, obrigando à entrada em cena do Safety Car. A Red Bull reagiu rapidamente, chamando Verstappen à boxe para montar pneus macios. Novamente, a Mercedes optou por manter Hamilton em pista e não perder a liderança. Se numa primeira instância a Direcção de Prova optou por manter as posições dos pilotos retardatários que se encontravam entre Hamilton e Verstappen, a mesma decisão acabou por ser revertida à 57ª volta.
Os dois candidatos ao título partiam agora juntos para a última volta da temporada. Assistiu-se então a um intenso duelo entre Hamilton e Verstappen, com o piloto neerlandês a consumar a ultrapassagem na Curva 5. Sem DRS disponível, Hamilton tentava aproveitar o cone do Red Bull nas longas rectas, enquanto Verstappen esquivava-se a qualquer ataque do piloto britânico. No entanto, tal investida seria insuficiente e Verstappen consumaria mesmo o triunfo em Abu Dhabi, conquistando também o seu primeiro título mundial de Fórmula 1.
Sérgio Pérez, decisivo numa fase inicial da prova, viu-se forçado a abandonar durante o período de Safety Car com problemas técnicos no seu Red Bull. Quem acabaria por beneficiar com este percalço seria o espanhol Carlos Sainz, 3º classificado a bordo do Ferrari SF21. Atrás de si terminaram os Alpha Tauri de Yuki Tsunoda e Pierre Gasly, 4º e 5º respectivamente. Valtteri Bottas, na sua última aparição com as cores da Mercedes, não logrou ir além da 6ª posição, assegurando no entanto pontos vitais para a Mercedes na luta pelo título de Construtores. Lando Norris (McLaren), Fernando Alonso (Alpine), Esteban Ocon (Alpine) e Charles Leclerc (Ferrari) completaram o Top-10 em Yas Marina.
Após a prova, a Mercedes apresentou dois protestos relativamente à situação vivida nos instantes finais do Grande Prémio de Abu Dhabi: se no primeiro caso, o protesto recaiu sobre uma alegada ultrapassagem de Verstappen a Lewis Hamilton antes do recomeço da prova (artigo 48.8), o 2º caso focou-se no desdobramento de determinados concorrentes na 57ª volta, que alegadamente teria violado o artigo 48.12 do Regulamento Desportivo da FIA. Os dois protestos foram recusados pelo Colégio de Comissários Desportivos, mas a Mercedes já indicou que irá apelar desta decisão.