Mazda celebra triunfo em Le Mans
16 Agosto 2021 - José Soares da Costa

2021 marca o 30º aniversário do triunfo do Mazda 787B nas 24 Horas de Le Mans. Fazendo parte integrante da cultura popular, o pequeno Sport-Protótipo nipónico tornou-se num simbólico da capacidade de superação do construtor de Hiroshima, perante um desafio que muitos consideravam insuperável. Às 4 horas do dia 23 de Junho de 1991, a Mazda conquistou uma histórica vitória, que viria a assegurar o lugar do motor Wankel nos livros de História.

O sucesso nas 24 Horas de Le Mans em 1991 foi o culminar de um trabalho efectuado ao longo de quase duas décadas. Em 1967, a Mazdaspeed iniciou a sua actividade como uma equipa de competição independente, lançada por um dos concessionários da Mazda: Mazda Auto Tokyo. Liderada por Takayoshi Ohashi, a equipa participou pela 1ª vez em Le Mans em 1974, tendo consumado mais 13 participações ao longo dos 18 anos seguintes. Em 1983, a Mazdaspeed tornou-se numa das subsidiárias da Mazda Motor Corporation e no final da década de 1980, Takaharu Kobayakawa juntou-se a Ohashi para liderar a ofensiva em Le Mans.

A ofensiva da Mazda iniciou, numa 1ª fase, por intermédio de um Chevron B16 equipado com um motor Wankel. Posteriormente, o Mazda MC73 e MC74, para além do Mazda 252i, 253 e 254 seriam os representantes do construtor de Hiroshima em Le Mans. No entanto, nenhum deles foi capaz de alcançar o tão desejado triunfo. Em 1983 surgiu o primeiro Mazda construído propositadamente para a competição: o 717C, equipado com o motor Wankel 13B. Participando com 3 viaturas, a Mazda conquistou o triunfo na classe Grupo C Junior com um consumo médio de 3.2km/L.

Em 1984, o novo Grupo C2 foi o palco escolhido para os Mazda 727C da Mazdaspeed e os dois Lola T616 Mazda da B.F.Goodrich, tendo estes últimos vencido a classe. Em 1986, a Mazda ascendeu à classe IMSA-GTP com o Mazda 757, modelo que em 1987 viria a atingir o melhor resultado nipónico até então: 7º lugar e 1º na respectiva classe.

Em 1988, a Mazda introduziu o primeiro motor Wankel equipado com 4 rotores, com o Mazda 767. No ano seguinte, Pierre Dieudonné (um dos principais pilotos da Mazdaspeed) solicitou um acréscimo de 100 cavalos de potência, pedido que surpreendeu o departamento de engenharia do construtor nipónico. Yasuo Tatsutomi, responsável pelo departamento de Planeamento e Desenvolvimento de Produtos, enfrentou esse desafio, motivando a sua equipa para uma tarefa que muitos consideravam “impossível”. As 80 alterações que viram a ser indicadas e implementadas no motor Wankel viriam a revelar-se decisivas para o desfecho da edição de 1991 das 24 Horas de Le Mans.

Devido a uma alteração dos regulamentos para a temporada de 1992, o motor Wankel seria irremediavelmente banido. Deste modo, a participação em Le Mans em 1991 representava a derradeira oportunidade para o Mazda 787B. Através da persuasão de Ohashi, a Mazda alcançou uma pequena vitória junto da FISA: o 787B poderia competir em Le Mans sem qualquer tipo de lastro,  fazendo com que o seu peso se situasse nos 830 kg. No seio da equipa nipónica, as esperanças recaiam no 787B nº55, cujos pilotos transitavam do “Grande Circo” para a Endurance: Johnny Herbert, Volker Weidler e Bertrand Gachot.

Partindo da 12ª posição da grelha de partida, Weidler atacou desde o arranque, galgando posição atrás de posição ao longo da prova francesa, sem que o 787B demonstrasse qualquer tipo de fadiga ou problema mecânico. Quando restavam 3 horas para o final e o Mazda 787B nº55 encontrava-se na 2ª posição, o Mercedes-Benz C11 que liderava sofreu um problema mecânico e foi forçado a abandonar, entregando a 1ª posição às cores nipónicas. Mantendo a liderança até ao final da prova, a Mazda assegurou a 1ª vitória à geral para um construtor nipónico em Le Mans. Para além do 787 nº55, o Mazda 787B nº18 e o Mazda 787 nº56 terminaram na 6ª e 8ª posição respectivamente.

Após o triunfo, o motor Wankel vencedor regressou ao Japão para uma vistoria completa pelos técnicos da Mazda, sendo acompanhada pela imprensa internacional. Dado o bom estado do motor, o construtor nipónico assegurou ser possível efectuar mais 24 horas sem que fosse necessário qualquer tipo de revisão…