Lotus 91: O último de uma geração…
14 Agosto 2016 - José Soares da Costa

A época de 1982 marcou o fim de uma era na Fórmula 1. Os túneis venturi eram banidos, encerrando uma época dominada pelo efeito solo criado por estes elementos aerodinâmicos. Em 1977, a Lotus revolucionou a Fórmula 1 e com a optimização alcançada no modelo 79, dominou por completo a modalidade. Recordemos uma página de ouro da Fórmula 1…

Em 1982, a Fórmula 1 chegou a um beco sem saída no capítulo da segurança: os acidentes de Gilles Villeneuve, em Zolder e Didier Pironi, em Hockenheim, resultaram directamente das consequências nefastas da perda súbita do efeito solo. Após um toque noutra viatura, os dois monolugares catapultaram múltiplas vezes no ar. Enquanto a vida de Villeneuve foi ceifada num ápice, Pironi sofreu lesões graves e ficou sem as suas pernas.

Os elementos que haviam sido utilizados entre 1977 e 1982 para aumentar o desempenho das viaturas colocaram a segurança da Fórmula 1 no centro de todas as atenções. A combinação letal de chassis em alumínio (susceptíveis às elevadas forças de torção alcançadas e com a posição dos pilotos à frente do eixo dianteiro) e elevado desempenho dos monolugares foi fatal para a Fórmula 1. A partir de 1983, os túneis venturi foram banidos e os fundos planos tornaram-se obrigatórios.

O Lotus 91 foi um dos expoentes máximos desta era frenética da Fórmula 1: a 258 Km/h, o monolugar da equipa de Colin Chapman era capaz de gerar 1135 Kg de força descendente. A essa velocidade e com apenas 585 Kg de peso, o monolugar poderia teoricamente ser pilotado no topo de um túnel graças à carga descendente gerada pela própria viatura.

Utilizado ao longo da temporada de 1982 e equipado com um motor V8 Ford Cosworth DFV, o Lotus 91 foi último monolugar saído da mente de Colin Chapman. Em Dezembro desse mesmo ano, o brilhante engenheiro inglês perderia a sua vida devido a um ataque cardíaco. A sua última alegria chegou no dia 15 de Agosto de 1982: num final de cortar a respiração, Elio de Angelis conquistou a vitória no Grande Prémio da Áustria por apenas 0.05 segundos.