Ogier vence na “lotaria” do Monte Carlo
22 Janeiro 2017 - José Soares da Costa

Na estreia dos novos WRC, versão 2017, a emoção foi a nota dominante ao longo do Rallye de Monte Carlo. Mudanças de liderança, reviravoltas na classificação geral e incerteza até ao final marcaram este arranque de temporada do Mundial de Ralis. Mas no final, o vencedor tinha um nome bastante familiar: Sébastien Ogier. O piloto francês recolocou a M-Sport na rota das vitórias, após 4 anos sem triunfos no WRC.

Sébastien Ogier esteve igual a si mesmo ao longo do Rallye Monte Carlo, apostando num ritmo consistente e não se deixando perturbar pelo ritmo apresentado por Thierry Neuville. Apesar de ser prejudicado pela posição de partida na 1ª etapa, Ogier viria a ser bafejado pela sorte também: duas saídas de estradas ao longo da prova fizeram-no perder tempo, mas não causaram danos ao Ford Fiesta WRC. Já o mesmo não se pode dizer dos seus adversários.

Thierry Neuville deu um toque  na 13ª classificativa, partindo a suspensão traseira direita do Hyundai i20 WRC quando liderava confortavelmente a prova na 2ª etapa. Juho Hanninen embateu numa árvore durante a 8ª classificativa. Stéphane Lefebvre teve uma saída de estrada na 2ª classificativa, queimando a embraiagem do Citroen C3 WRC. O seu companheiro Kris Meeke também não teve vida fácil: teve uma saída de estrada onde danificou o Citroen C3 WRC, regressou graças ao Rally2 e voltou a abandonar…devido a um acidente numa ligação!

A neve, as placas de gelo e o asfalto seco foram algumas das condições que as equipas puderam enfrentar ao longo de 4 dias de prova. A escolha de pneus foi em determinadas circunstâncias, uma autêntica lotaria. Elfyn Evans destacou essa situação: embora os pneus de neve não tivessem funcionado durante as classificativas da 1ª etapa, foram a escolha acertada para as classificativas da 2ª etapa. É esta a imprevisibilidade do Rallye de Monte Carlo!

Com os percalços alheios, a regularidade foi o factor decisivo para a discussão das posições do pódio. À entrada para a 3ª etapa, a M-Sport colocava os seus dois pilotos no pódio. A Toyota Gazoo Racing surpreendia tudo e todos ao colocar um dos seus Yaris WRC na 3ª posição do pódio na estreia da equipa baseada na Finlândia. Apesar do desconforto com as afinações da viatura japonesa, Latvala apostava na regularidade para alcançar o melhor resultado.

Mas a sorte e o azar acabariam por interferir novamente nos resultados do Rallye Monte Carlo: o motor do Ford Fiesta WRC de Ott Tanak recusava-se a colaborar, funcionando apenas em três cilindros. O tempo perdido na 1ª passagem pelo Col du Turini atirava-o para a 3ª posição, promovendo o Toyota Yaris WRC de Jari-Matti Latvala à 2ª posição do pódio.

Com a penúltima classificativa anulada devido ao excesso de público, a atribuição da 3ª posição do pódio seria decidida na última passagem pelo Col du Turini. Incapaz de bater o ritmo de Dani Sordo, 4ª classificado, durante a subida inicial, Tanak daria tudo por tudo na descida do Turini, com neve e pneus macios. Recuperando uma desvantagem de 40 segundos relativamente ao piloto da Hyundai, o piloto estónio acabaria por manter a 3ª posição.

Já a vitória seria conquistada por Sébastien Ogier, piloto que colocou a M-Sport novamente no lugar mais alto do pódio, após um jejum que durava desde o Rali de Gales de 2012. A 4ª vitória do piloto francês em Monte Carlo ficou marcada pelo talento, pelo esforço, mas também pela sorte. E ao contrário de anos anteriores, o equilíbrio é a nota dominante nesta nova era do WRC. Conseguirá Ogier repetir o feito no Rali da Suécia, disputado dentro de duas semanas?