Toyota com dobradinha histórica em Le Mans
19 Junho 2019 - José Soares da Costa

Fernando Alonso, Kazuki Nakajima e Sébastien Buemi conquistaram o seu 2º triunfo nas 24 Horas de Le Mans e sagraram-se Campeões do Mundo de Resistência. Perante uma forte oposição privada, a Toyota “puxou dos seus galões” e consagrou o seu lugar na história da clássica prova francesa. Já a SMP Racing foi a melhor equipa privada, terminando a dura maratona francesa no degrau mais baixo do pódio.

Com o desempenho demonstrado nas sessões de qualificação de quarta e quinta-feira, a Toyota deu o mote para as 24 Horas de Le Mans, assegurando a linha da frente da grelha de partida. No entanto, uma tímida oposição surgia dos campos da SMP Racing e da Rebellion Racing, equipas privadas cujos Sport Protótipos demonstravam um ritmo competitivo capaz de ombrear com os TS050 Hybrid em “stints” curtos.

O arranque da corrida demonstrou isso mesmo, com a Rebellion a intrometer-se entre os dois Toyotas e os BR1 da SMP Racing sempre à espreita de eventuais problemas dos TS050. Tal não viria a suceder-se, tendo Mike Conway imposto um ritmo avassalador desde o arranque, rubricando um novo tempo recorde em corrida. Os TS050 Hybrid estiveram irrepreensíveis, não apresentando qualquer falha mecânica ao longo das 24 horas de prova. Com o TS050 nº8 a ditar o ritmo, o “guião” para esta prova estava escrito: caso não houvesse qualquer percalço, Mike Conway, “Pechito” López e Kamui Kobayashi seriam os vencedores. Por sua vez, Sébastien Buemi, Fernando Alonso e Kazuki Nakajima sagrariam-se Campeões do Mundo de Resistência, após uma temporada onde já haviam conquistado a vitória nas 24 Horas de Le Mans.

No entanto, um problema a pouco mais de uma hora do final da prova alteraria o “guião” da Toyota Gazoo Racing: o alerta de um furo no pneu dianteiro direito levou a uma paragem não programada nas boxes, num momento em que “Péchito” López encontrava-se ao volante do TS050 nº8. Trocando apenas esse pneu, o Sport Protótipo nipónico regressou à pista, constatando-se então que era o pneu traseiro direito que necessitava de troca. Um erro caricato que obrigou a nova paragem de López, fazendo-o cair para a 2ª posição, a cerca de 50 segundos de Kazuki Nakajima.

Imprimindo um ritmo infernal a partir desse momento (e mesmo perante o aviso da equipa para levar o TS050 até ao final), López terminou as 24 Horas de Le Mans a apenas 16 segundos de distância do seu colega de equipa. Um rude golpe para a tripla do TS050 nº8, numa edição onde demonstraram todo o seu valor, impondo-se convincentemente aos seus colegas Fernando Alonso, Kazuki Nakajima e Sébastien Buemi. Para a tripla do TS050 nº7, ao título Mundial de Resistência juntou-se também a 2ª vitória em Le Mans na Super Temporada 2018/2019. Um feito inédito, onde Fernando Alonso também se destaca: com duas vitórias em duas participações nas 24 Horas de Le Mans, o piloto espanhol junta-se a Woolf Barnato (1928, 1929, 1930) e Jean-Pierre Wimille (1937, 1939) na lista de pilotos com um registo 100% vitorioso em participações consecutivas na clássica prova francesa.

Quanto ao degrau mais baixo do pódio, Stoffel Vandoorne, Mikhail Aleshin e Vitaly Petrov foram os melhores entre os LMP1 privados, ao volante do BR1 da SMP Racing. Com uma corrida praticamente isenta de problemas, a tripla bateu os dois R-13 inscritos pela Rebellion Racing. Na categoria LMP2, a Signatech-Alpine conquistou o título Mundial da categoria e a vitória “em casa”: Nicolas Lapierre, Pierre Thiriet e André Negrão dominaram ao volante do Oreca nº36, repetindo o feito de 2018. Filipe Albuquerque, no Ligier JS P2 da United Autosports, foi o 4º classificado desta classe.

Entre os GTE-Pro, a Ferrari regressou aos triunfos por intermédio de James Calado, Alessandro Pier Guidi e Daniel Serra, no 488 GTE da AF Corse. Na despedida oficial da BMW do FIA WEC, António Félix da Costa terminou a prova na 11ª posição da categoria. Entre os GTE-Am, o Ford GT da Keating Motorsports, partilhado por Ben Keating, Jeroen Bleekemolen e Felipe Fraga, obteve um triunfo na sua estreia nesta categoria. Já Pedro Lamy não teve a sorte do seu lado, abandonando prematuramente com um motor partido no Aston Martin Vantage.