Porsche vence 24 Horas de Le Mans!
17 anos após o seu último triunfo com o 911 GT1, a Porsche regressou às vitórias em Le Mans! Com uma dobradinha que a dada altura parecia improvável, a marca de Zuffenhausen colocou todas as suas “fichas” na 83ª edição das míticas 24 Horas de Le Mans. Os 919 Hybrid foram constantemente mais rápidos que os seus adversários ao longo das várias sessões de treino e qualificação e demonstraram a fiabilidade necessária para bater a concorrência durante a longa corrida. Nick Tandy, Nico Hulkenberg e Earl Bamber, a tripla em que poucos apostariam para o triunfo, foram mesmo os vencedores apesar da sua inexperiência nesta sempre difícil prova.
Com o Porsche nº18 a partir da pole position após um fantástico tempo de 3m16.887s, alcançado durante a 1ª sessão de qualificação, todos apostariam numa vitória certa da Porsche para esta edição das 24 Horas de Le Mans. No entanto, a prova rapidamente atingiu um ritmo alucinante, assemelhando-se mais a uma prova de sprint do que a um verdadeiro teste de resistência. Durante as primeiras horas de prova, Audi e Porsche trocavam a liderança a cada paragem, com o R18 e-tron quattro nº9 de Filipe Albuquerque também envolvido na luta pela 1ª posição.
Sem ritmo para acompanhar os seus rivais germânicos, a Toyota limitava-se a fazer a sua prova, rodando na 6ª e 7ª posição. O primeiro acidente aparatoso do dia deu-se à 3ª hora quando Loic Duval, ao volante do Audi R18 e-tron quattro nº8, falhou a travagem para uma slow zone e deu um forte toque num rail de protecção. Com a frente danificada, o piloto francês conseguiu arrastar a viatura germânica até às boxes para reparações.
O momento alto para os adeptos portugueses deu-se quando Filipe Albuquerque quebrou o recorde de pista que durava à 44 anos e que havia sido estabelecido por Jackie Oliver, ao volante de um potente Porsche 917 de 5 litros. Com uma prestação exemplar, o piloto português colocou o Audi R18 e-tron quattro nº9 na 1ª posição e a partir de então, dividiu a liderança da prova com o Porsche 919 Hybrid nº17. À sexta hora de prova, a Audi e a Porsche dominavam as 6 primeiras posições, com o melhor Toyota TS040 apenas na 6ª posição.
Com a entrada de Nick Tandy para o volante do Porsche nº19, tudo mudou para as cores da Audi. O piloto britânico foi bastante rápido durante o seu turno de condução e saltou para 2ª posição, deixando o Audi R18 nº9 (pilotado por Marco Bonanomi) e o R18 nº7 (pilotado por Andre Lotterer) atrás de si. Enquanto isso, Neel Jani enterrou o Porsche 919 nº18 na gravilha de Mulsanne, embatendo de frente nos pneus de protecção. Os danos causados por este embate obrigaram a uma paragem adicional, fazendo-o perder uma volta para o quarteto que disputava a vitória em Le Mans.
Sem percalços durante a noite, o Porsche 919 nº17 permanecia na liderança durante as primeiras horas da manhã, sendo consistentemente mais rápido do que os Audi que seguiam no seu encalço. Tudo parecia encaminhar-se para uma vitória da marca de Zuffenhausen na clássica prova francesa, pois as adversidades abatiam-se sobre a Audi. Enquanto o R18 nº7 ficou sem a cobertura traseira e foi obrigado a rumar às boxes para reparações, o Audi R18 nº9 perdeu definitivamente a 2ª posição à 17ª hora de prova. René Rast deixou-se surpreender pelo australiano Mark Webber e com isso, entregou de bandeja o lugar intermédio do pódio.
Durante a fase final da prova, problemas com o sistema híbrido do R18 e-tron quattro nº9 atiravam Filipe Albuquerque para um desapontante 7º lugar, a 8 voltas do líder. Andre Lotterer, por sua vez, tentava tudo para alcançar os Porsche. Com isso, bateu o anterior registo de Filipe Albuquerque e estabeleceu a nova volta mais rápida em corrida de sempre nas 24 Horas de Le Mans, 3m17.475s. No entanto, um problema técnico também obrigou o Audi R18 nº7 a rumar às boxes, enquanto o Porsche nº19 liderava sem oposição.
E foi mesmo com a tripla Nico Hulkenberg, Nick Tandy e Earl Barber que a Porsche regressou às vitórias em Le Mans. Com dois rookies (Hulkenberg e Bamber) e muito pouca experiência para uma prova desta magnitude, o terceiro Porsche 919 Hybrid chegou a um triunfo inesperado, beneficiando do ritmo constante e da ausência de problemas mecânicos e eléctricos. Atrás de si terminou o Porsche 919 Hybrid nº17, dividido por Mark Webber, Brendon Hartley e Timo Bernard. Com este resultado a Porsche conquistou uma nova dobradinha, à semelhança do seu último triunfo em La Sarthe, em 1998. O derradeiro lugar do pódio foi ocupado pelo melhor dos Audi, o R18 e-tron quattro nº7. Mesmo perante os problemas de última hora, Andre Lotterer, Benoit Treluyer e Marcel Fassler levaram o Sport Protótipo germânico ao final das 24 Horas de Le Mans.
Derrotada logo à partida, a Toyota saiu de Le Mans com muitos pontos a rever para o projecto TS050. Entre eles, um novo motor turbo (à semelhança da Porsche), o qual já foi anunciado pela marca nipónica para 2016. O melhor TS040 terminou a prova na 6ª posição, imediatamente atrás do Audi R18 nº9 de Filipe Albuquerque. Quanto à Nissan, os GT-R LM NISMO tiveram uma prova extremamente complicada, sofrendo diversos problemas técnicos ao longo das 24 horas. Sem sistema híbrido em funcionamento nos GT-R LM NISMO e contando apenas com a potência do motor de combustão, os objectivos da equipa nipónica passavam apenas por completar a prova. O GT-R LM NISMO nº22 foi o único a terminar a corrida, sem no entanto ter completado a distância mínimo para ser classificado.
Tiago Monteiro também teve uma prova para esquecer em Le Mans, com o CLM P1/01 AER da ByKolles a sofrer diversos problemas e a terminar à frente dos Nissan. No entanto, tal como as viaturas nipónicas, também o Sport Protótipo de Colin Kolles não terminou classificado nesta edição das 24 Horas de Le Mans.
Entre os LMP2, a KCMG dominou a seu belo prazer, alcançando a primeira vitória para o Oreca 05-Nissan. A equipa de Hong Kong bateu o Gibson da equipa JOTA Sport, de Simon Dolan. A equipa britânica teve uma animada disputada por posição com o Ligier Nissan nº26 da G-Drive, o qual acabaria a prova no último degrau do pódio. João Barbosa não teve vida fácil com o Ligier Judd da Krohn Racing, tendo terminado a prova na 12ª posição da classe. Quanto aos GTE-Pro , a Corvette Racing foi a vencedora, sendo recompensanda após o desaire de Jan Magnussen durante a 2ª sessão de qualificação. A equipa norte-americana beneficiou dos problemas técnicos do Ferrari 458 Italia nº51 da AF Corse, os quais obrigaram a uma ida suplementar às boxes. A viatura italiana acabaria a prova na 3ª posição, atrás de mais um Ferrari 458 Italia da AF Corse, desta feita a viatura nº71.
Nos GTE-Am, Paul Dalla Lana “borrou a pintura” a 45 minutos do final das 24 Horas de Le Mans. O piloto norte-americano, que partilhava o Aston Martin Vantage com Pedro Lamy e Mathias Lauda, despistou-se nas curvas Ford e embateu de frente nos pneus de protecção. Com isso, perdeu a vitória na classe, que acabaria por ser conquistada pelo Ferrari 458 Italia nº72 da SMP Racing. Patrick Dempsey também saiu de Le Mans com motivos para sorrir, tendo terminado a prova na 2ª posição. Atrás do Porsche 911 do “Dr. Derek Shepherd” terminou o Ferrari 458 Italia da Scuderia Corsa. Rui Águas não teve a sorte do seu lado: um principio de incêndio acabaria com as suas esperanças de vitória, atirando-o para a 5ª posição da classe.