O Grupo Volkswagen e o desporto automóvel
O recente escândalo da Volkswagen nos EUA, onde as emissões de milhares de automóveis com motores a gásoleo terão sido adulteradas com recurso a software informático, levanta diversas questões no plano global do grupo germânico. A competição automóvel, invariavelmente, é uma das áreas onde a recente turbulência poderá trazer consequências a curto/médio prazo. Qual será o futuro do Grupo Volkswagen no desporto automóvel?
Com a derrota de Ferdinand Piech a 25 de Abril deste ano, Martin Winkertorn assumiu o poder no Grupo Volkswagen e com isso retomou um sonho antigo: a Fórmula 1. Os últimos rumores apontavam para uma aposta decisiva do grupo germânico na categoria, tendo Stefano Domenicali idealizado um plano para levar a Audi até aos Grandes Prémios.
Parte desse plano poderia passar pela aquisição da equipa de Fórmula 1 da Red Bull, a braços com uma crise devido à falta de motores para a temporada de 2016. A partir de 2018, a equipa contaria com motores próprios e apenas faltaria o OK do Conselho de Administração para que tudo fosse confirmado e plano fosse colocado em marcha.
No entanto, o recente escândalo das emissões nos EUA veio colocar tudo em “standby”. Com um software informático que poderá ter sido instalado num total de 11 milhões de viaturas do Grupo Volkswagen, o grupo germânico prepara-se para um cenário de elevadas multas e processos judiciais sem fim. A reputação no mercardo norte-americano ficou seriamente abalada e com as investigações a alastrarem-se ao mercado europeu e asiático, a história poderá ter mais capítulos num futuro próximo.
Martin Winkertorn foi a primeira vítima desta grave situação, tendo apresentado a sua demissão. Mas uma investigação interna poderá fazer novas vítimas. O desporto automóvel poderá ser mesmo uma delas. Com presença no FIA WEC (através da Porsche e Audi), no FIA ERC e WRC (com a Skoda e Volkswagen), nos Turismos (com a Seat), no Rallycross (com a Volkswagen), no DTM (com a Audi) e nos GTs (com a Audi, Porsche, Bentley e Lamborghini), para além de várias competições monomarca, o grupo germânico tem uma forte influência na competição automóvel.
Poderá este escândalo abalar a imagem do Grupo Volkswagen, ao ponto de a retirada de cena do desporto automóvel ser vista como uma solução eficaz, de acordo com a imagem “não-poluente” que pretende demonstrar nos seus produtos de estrada? Ou será a Formula E, onde a Audi já marca presença, ser a aposta “verde” que a administração tanto deseja?
Os elevados custos financeiros que este escândalo trará serão outro factor a ter em conta. A manutenção dos programas desportivos das várias marcas poderá ser comprometida, de forma a estancar os prejuizos que abalarão o Grupo Volkswagen. Só o futuro dirá quais as reais consequências deste escândalo no futuro da Audi, Porsche, Seat, Skoda e Lamborghini no desporto automóvel. O cenário não parece, no entanto, muito risonho…